Um Projecto Curricular só com datas festivas?!

A ideia de construir um projecto curricular em torno da celebração de datas festivas pareceu-me, durante muitos anos, muito mal. Considerava a ideia pobre e redutora e associava-a à imagem do(a) Educador(a) que não queria "fazer nada", logo, optava por reduzir o seu trabalho à realização de enfeites consoante a data a celebrar.
Entretanto o meu horizonte alargou-se e hoje consigo ver as coisas de outra forma, na medida em que considero possivel abranger um leque vasto de temas pedagógicos recorrendo às tais efemérides como base de um projecto curricular. A diferença entre uma e outra postura reside no factor qualidade. Neste tema, como em qualquer outro, é possivel fazer-se um trabalho válido, ou não, sendo factor determinante a intencionalidade pedagógica e consequentemente, a qualidade da prática. Neste dois tópicos reside a chave que valida, ou não, um projecto assente na celebração de datas festivas/efemérides.
O risco de tal escolha não reside na temática em si, mas sim na visão e nos objectivos que se pretendem atingir e no trabalho que se desenvolve.
Tomemos como exemplo os seguintes temas/datas: Natal / Dia do Pai / Dia da Mãe / Dia da Criança / Dia da Pessoa Deficiente/ Dia do Trabalhador / Dia da liberdade(25 abril)/ Dia da alimentação / Dia do não fumador/ Dia do Livro / Dia do teatro / Dia da Terra (...).
O que nos sugerem? Valores humanos e sociais.
- Amor; Respeito; Pertença; Solidariedade; Fé; Paz; Liberdade; União; Trabalho; Justiça; Educação; Esperança; Respeito pelo outro; Consciência; Responsabilidade; Compromisso; Amor próprio; Tolerância; Perdão; (...).
Isto é tão só o que me ocorre neste momento. Mas se pensar mais um pouco, com toda a certeza darei conta de mais valores importantes na educação de uma criança.
Pergunto então:
--Pode, ou não pode, ser uma boa base para um projecto curricular em Jardim de Infância?
As datas festivas não se esgotam nos trabalhos de expressão plástica e musical. Uma data festiva pode ser reduzida a nada se for trabalhada à pressa, para cumprir calendário. Uma perda de tempo. Uma inutilidade em termos pedagógicos.
Ou pode ser um mar de possibilidades, suficiente para que a criança atinja, em todas áreas, os objectivos necessários à sua idade. Depende de si, da sua visão e do seu interesse.
De facto, nada é tão pequeno e insignificante que não possa transformar-se em algo extraordinário. É uma questão de visão e oportunidade.

4 comentários:

Luz disse...

Albertina
Concordo plenamente. "Nada é tão pequeno ou insignificante que não possa tornar-se em algo extraordínário". Eu, que sou a mulher das coisas simples e pequenas adorei a frase. Obrigado por conseguir mostrar tão bem o que me vai na alma!
E de uma coisa simples e "pequena", se é que há coisas pequenas, pode mesmo fazer-se um excelente trabalho. Esta foi a grande lição que aprendi na Brandoa.
Boas férias
Luz

Albertina disse...

Luz, esse foi um comentário que me encheu as medidas. Nem sempre tenho a certeza que consigo transmitir o que realmente quero, mas hoje sei que pelo menos contigo, consegui! :) É bom, sabe bem. Bom fim de semana.

Xinha disse...

Claro que tens toda a razão...primeiro em que vamos aprendendo, amadurecendo e vendo as coisas por "outros lados do prisma" e depois porque não é preciso ser tudo visivelmente espectacular para ser importante e até determinante.
Inclusivamente as pessoas podem ter menos imaginação e criatividade, do que outras, mas não quer dizer que o conteúdo não seja muito mais importante.

Albertina Pereira disse...

É de facto importante ir aprendendo e assumir sem complexos em cada etapa da vida que vemos as coisas por "outro lado do prisma". É um sinal de flexibilidade face a novas aprendizagens e amadurecimento. Esta é também uma das frentes de batalha a que os Educadores devem dar atenção, reflectindo sobre a sua própria postura face à mudança. Obrigada Xinha.

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